segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Professor, diz-me por quê?

Neste primeiro dia de aulas de 2010, dedico este poema, de que gosto muito, ao meu colega Fernando e a todos os/as colegas/as professores/as com quem tive a honra de trabalhar e conhecer e que merecem esta minha dedicatória. Eles sabem o lugar que ocupam no meu coração.
Rita Arantes

Professor diz-me por quê?
Por que roda o meu pião
Ele não tem roda
e roda, gira, rodopia
e cai morto no chão...

Tenho nove anos, professor
e há tanto mistério à minha roda
que eu queria desvendar
Por que é que o carro é azul?
Por que é que marulha o mar?
Por quê?
Tantos porquês que eu ...
eu queria saber!
E tu que não me queres responder!

Tu falas, falas professor daquilo que te interessa.
Tu obrigas-me a ouvir
quando eu quero falar,
se eu vou descobrir
faz-me decorar!
É a luta professor
a luta em vez do amor....

mas,
enquanto tua voz zangada ralha
tu sabes, professor,
eu fecho-me por dentro,
faço uma cara resignada
e finjo que não penso em nada,
mas penso...

Penso em como era engraçada
aquela rã
que esta manhã ouvi coaxar...
Que graça que tinha
aquela andorinha
que ontem à tarde vi passar.

E quando tu depois vens definir
o que são conjuntos e preposições,
quando me fazes repetir
que os corações
têm duas aurículas e dois ventrículos
e tantas
tantas mais definições...

Meu coração, o meu coração
Que não sei como é feito
E nem quero saber...
Cresce dentro do peito
A querer saltar pra fora, professor
E ver se tu assim compreenderias
E me farias mais belos os dias!

"Alice Gomes"

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