sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

O Natal da Infância


Ah como se alongava a província Natal
com distritos de luz dentro do Novo Ano
Vinha já de mais longe um perfume lunar
Começava em Novembro a toilette dos Anjos

No mapa da Europa a Suíça a Suécia
ganhavam posições de repente invejáveis
Andava-se na rua à procura de neve
A neve dos postais arquivava-se em casa

E brincava connosco o Menino Jesus
mesmo antes da noite em que tinha nascido
Mas ninguém se atrevia a tratá-lo por tu
Era de todos nós o menino mais rico

As prendas que nos dava E fingia-se pobre
Adorávamos nele o amor do teatro
o dom de liberdade e da metamorfose
Sorríamos de quem nos dissesse o contrário.

David Mourão-Ferreira

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