Meu quarto é um violino,
a minha rua um piano
junto ao largo do tambor
é que eu moro todo o ano.
Minha escada é uma harpa,
nos pratos da bateria
vou sempre matar a fome,
seja noite ou seja dia.
Para andar de carrossel
eu ponho um disco a girar.
Bato-lhe com a batuta
se um gato me vem caçar.
Para namorar as ratinhas
canto lindos madrigais
e em vez de notas de banco
uso notas musicais.
A Gata Tareca e Outros Poemas Levados da Breca
Luísa Ducla Soares,
quinta-feira, 31 de julho de 2008
quarta-feira, 30 de julho de 2008
O mosquito escreve
O mosquito pernilongo
trança as pernas, faz um M,
depois, treme, treme, treme,
faz um O bastante oblongo,
faz um S.
O mosquito sobe e desce.
Com artes que ninguém vê,
Faz um Q,
Faz um U e faz um I.
Esse mosquito
Esquisito
Cruza as patas, faz outro O, mais bonito.
Oh!
Já não é analfabeto,
Esse insecto,
Pois sabe escrever seu nome.
Mas depois vai procurar
Alguém que possa picar, pois escrever cansa,
Não é, criança?
E ele está com muita fome.
Cecília Meireles
trança as pernas, faz um M,
depois, treme, treme, treme,
faz um O bastante oblongo,
faz um S.
O mosquito sobe e desce.
Com artes que ninguém vê,
Faz um Q,
Faz um U e faz um I.
Esse mosquito
Esquisito
Cruza as patas, faz outro O, mais bonito.
Oh!
Já não é analfabeto,
Esse insecto,
Pois sabe escrever seu nome.
Mas depois vai procurar
Alguém que possa picar, pois escrever cansa,
Não é, criança?
E ele está com muita fome.
Cecília Meireles
terça-feira, 29 de julho de 2008
A minha casinha
Fiz uma casinha
de chocolate,
tapei-a por cima
com um tomate.
Pus-lhe uma janela
de rebuçado
e mais uma porta
de pão torrado.
Pus-lhe um chupa-chupa
na chaminé;
a fazer de neve,
açucár pilé.
A minha casinha
bem saborosa...
comi-a ao almoço.
Sou tão gulosa!
Poemas da Mentira e da Verdade
Luísa Ducla Soares
de chocolate,
tapei-a por cima
com um tomate.
Pus-lhe uma janela
de rebuçado
e mais uma porta
de pão torrado.
Pus-lhe um chupa-chupa
na chaminé;
a fazer de neve,
açucár pilé.
A minha casinha
bem saborosa...
comi-a ao almoço.
Sou tão gulosa!
Poemas da Mentira e da Verdade
Luísa Ducla Soares
segunda-feira, 28 de julho de 2008
Pega
sexta-feira, 25 de julho de 2008
Vaca
quinta-feira, 24 de julho de 2008
São meus estes rios
São meus estes rios
que buscam caminho
rastejando entre luar e silêncio,
sombra e madrugada,
até ao seu fim marítimo.
A minha alma está neles,
líquida e sonora
como a água entre o quissange das pedras,
o anoitecer nas fontes.
Tenho rios vermelhos e quentes
na minha dimensão física,
rios remotos, remotos como eu.
Manuel Lima
Angola
que buscam caminho
rastejando entre luar e silêncio,
sombra e madrugada,
até ao seu fim marítimo.
A minha alma está neles,
líquida e sonora
como a água entre o quissange das pedras,
o anoitecer nas fontes.
Tenho rios vermelhos e quentes
na minha dimensão física,
rios remotos, remotos como eu.
Manuel Lima
Angola
quarta-feira, 23 de julho de 2008
O Pescador Velho
Pescador vindo do largo
com o teu calçado de algas
diz-me o que trazes no barco
donde levantas a face
a tua face marcada
pelo sal de horas choradas
dá-me o teu peixe pescado
bem lá no fundo do mar
- nesta água não tem peixe -
pescador dá-me um só peixe
nem garopa nem xaréu
só um peixinho de prata
- nesta água não tem peixe
foi tudo procurar deus
prò lado do Zanzibar.
Glória de Sant´Anna
Moçambique
com o teu calçado de algas
diz-me o que trazes no barco
donde levantas a face
a tua face marcada
pelo sal de horas choradas
dá-me o teu peixe pescado
bem lá no fundo do mar
- nesta água não tem peixe -
pescador dá-me um só peixe
nem garopa nem xaréu
só um peixinho de prata
- nesta água não tem peixe
foi tudo procurar deus
prò lado do Zanzibar.
Glória de Sant´Anna
Moçambique
terça-feira, 22 de julho de 2008
As caravelas
Já no largo Oceano navegavam
As inquietas ondas apartando
Os ventos brandamente respiravam
Das naus as velas côncavas inchando
Luís de Camões
As inquietas ondas apartando
Os ventos brandamente respiravam
Das naus as velas côncavas inchando
Luís de Camões
segunda-feira, 21 de julho de 2008
Café
Sabor de antigamente, sabor de família,
Café que foi torrado em casa,
Que foi feito no fogão da casa, com lenha do mato da casa,
Café para as visitas de cerimónia,
Café para as visitas de intimidade,
Café para os desconhecidos, para os que pedem pousada, para toda a gente
Ribeiro Couto
Brasil
Café que foi torrado em casa,
Que foi feito no fogão da casa, com lenha do mato da casa,
Café para as visitas de cerimónia,
Café para as visitas de intimidade,
Café para os desconhecidos, para os que pedem pousada, para toda a gente
Ribeiro Couto
Brasil
sábado, 19 de julho de 2008
Paisagem deslumbrante
Os Freixinhos que moram em Navió tiveram hoje um dia muito especial. Uma iniciativa da Junta de Freguesia juntou toda a comunidade num convívio na Senhora da Penha, em Guimarães.
A paisagem era deslumbrante e a alegia contagiante.
Agradeço a todos este dia em que a amizade, a simplicidade e a alegria foram determinantes.
sexta-feira, 18 de julho de 2008
Exposição
A exposição das telas dos nossos pequenos artistas, na sede da Junta de Freguesia de Vitorino dos Piães, foi um sucesso!
Aproveito para agradecer, desde já, ao Sr. Presidente da Junta de Vitorino dos Piães, que foi excepcional.
Agora elas viajaram até Fojo-Lobal. Estão expostas na antiga escola, hoje espaço internet. É um espaço muito bonito e bem recuperado.
quinta-feira, 17 de julho de 2008
Alforreca e Faneca
Pobre de mim, tão Faneca,
Alforreca me fascina.
Sigo atrás da sua coroa,
dos seus terríveis cabelos
de gelatina e de prata:
só o vê-los me atordoa,
só o tocá-los me mata.
Violeta Figueiredo
Alforreca me fascina.
Sigo atrás da sua coroa,
dos seus terríveis cabelos
de gelatina e de prata:
só o vê-los me atordoa,
só o tocá-los me mata.
Violeta Figueiredo
quarta-feira, 16 de julho de 2008
A Borboleta
De manhã bem cedo
uma borboleta
saiu do casulo.
Era parda e preta.
Foi beber ao açude.
Viu-se dentro da água.
E se achou tão feia
que morreu de mágoa.
Ela não sabia
- boba! - que Deus deu
para cada bicho
a cor que escolheu.
Um anjo a levou,
Deus ralhou com ela,
mas deu roupa nova
azul e amarela.
Odylo Costa, Filho
uma borboleta
saiu do casulo.
Era parda e preta.
Foi beber ao açude.
Viu-se dentro da água.
E se achou tão feia
que morreu de mágoa.
Ela não sabia
- boba! - que Deus deu
para cada bicho
a cor que escolheu.
Um anjo a levou,
Deus ralhou com ela,
mas deu roupa nova
azul e amarela.
Odylo Costa, Filho
terça-feira, 15 de julho de 2008
O Pastor
Pastor, pastorinho,
onde vais sozinho?
Vou àquela serra
buscar uma ovelha.
Porque vais sozinho,
pastor, pastorinho?
Não tenho ninguém
que me queira bem.
Não tens um amigo?
Deixa-me ir contigo.
Eugénio de Andrade
onde vais sozinho?
Vou àquela serra
buscar uma ovelha.
Porque vais sozinho,
pastor, pastorinho?
Não tenho ninguém
que me queira bem.
Não tens um amigo?
Deixa-me ir contigo.
Eugénio de Andrade
segunda-feira, 14 de julho de 2008
Instante
A cena é muda e breve:
Num lameiro,
Um cordeiro
A pastar ao de leve.
Embevecida,
A mães ovelha deixa de remoer
E a vida
Pára também, a ver.
Miguel Torga
Num lameiro,
Um cordeiro
A pastar ao de leve.
Embevecida,
A mães ovelha deixa de remoer
E a vida
Pára também, a ver.
Miguel Torga
sexta-feira, 11 de julho de 2008
ÁGUIAS
Os meninos da sala 7 desenharam Águias para oferecerem à REN - Rede Eléctrica Nacional.
São lindas, não são?
São lindas, não são?
quinta-feira, 10 de julho de 2008
Sal, sapo, sardinha
quarta-feira, 9 de julho de 2008
Colar de Carolina
Com seu colar de coral,
Carolina
corre por entre as colunas
da colina.
O colar de Carolina
colore o colo de cal,
torna corada a menina.
E o sol, vendo aquela cor
do colar de Carolina,
põe coroas de coral
nas colunas da colina.
Cecília Meireles
Carolina
corre por entre as colunas
da colina.
O colar de Carolina
colore o colo de cal,
torna corada a menina.
E o sol, vendo aquela cor
do colar de Carolina,
põe coroas de coral
nas colunas da colina.
Cecília Meireles
terça-feira, 8 de julho de 2008
segunda-feira, 7 de julho de 2008
O Cavalinho Branco
À tarde, o cavalinho branco
está muito cansado:
mas há um pedacinho do campo
onde é sempre feriado.
O cavalo sacode a crina
loura e comprida
e nas verdes ervas atira
sua branca vida.
Seu relincho estremece as raízes
e ele ensina aos ventos
a alegria de sentir livres
seus movimentos.
Trabalhou todo o dia, tanto!
desde a madrugada!
Descansa entre as flores, cavalinho branco,
de crina dourada!
Cecília Meireles
está muito cansado:
mas há um pedacinho do campo
onde é sempre feriado.
O cavalo sacode a crina
loura e comprida
e nas verdes ervas atira
sua branca vida.
Seu relincho estremece as raízes
e ele ensina aos ventos
a alegria de sentir livres
seus movimentos.
Trabalhou todo o dia, tanto!
desde a madrugada!
Descansa entre as flores, cavalinho branco,
de crina dourada!
Cecília Meireles
sexta-feira, 4 de julho de 2008
As estações do ano
quinta-feira, 3 de julho de 2008
O Mocho e o Coxo
Pia, pia, pia
O mocho,
Que pertencia
A um coxo.
Zangou-se o coxo
Um dia,
E meteu o mocho
Na pia, pia, pia...
Fernando Pessoa
O mocho,
Que pertencia
A um coxo.
Zangou-se o coxo
Um dia,
E meteu o mocho
Na pia, pia, pia...
Fernando Pessoa
quarta-feira, 2 de julho de 2008
Não atire o pau no gato (Versão ecológica)
terça-feira, 1 de julho de 2008
Pus o meu sonho num navio
Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
depois abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar.
Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre dos meus dedos
colore as areias desertas
O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho dentro de um navio...
Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.
Depois, tudo estará perfeito:
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.
Cecília Meireles
e o navio em cima do mar;
depois abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar.
Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre dos meus dedos
colore as areias desertas
O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho dentro de um navio...
Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.
Depois, tudo estará perfeito:
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.
Cecília Meireles
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